FESTAS POPULARES NA RÚSSIA
fonte foto: http://blogs.mail.ru/
As festas nas aldeias russas do passado constituíam um importante lado da vida social e familiar.Os homens do campo costumavam dizer:
"trabalhamos o ano inteiro para as festas".
Com a consciência religiosa do povo, se entendia as festas como algo meio que sagrado, que se opunha ao cotidiano: se no cotidiano as pessoas deviam se ocupar com o trabalho material, garantindo o pão de cada dia, as festas eram tomadas no sentido de fusão com o sagrado e de iniciação aos valores sagrados da comunidade, à sua história sacra.
Existia todo um sentido filosófico nas festas, quando o indivíduo deveria chegar a uma condição psico-fisiológica especial de plenitude de vida e de atitude perante Deus e perante a vida, alcançando um sentimento de unidade com os seus semelhantes. Tal concepção filosófica era usualmente consolidada por meio de regras, transmitidas de geração a geração, seguidas pelos indivíduos da sociedade russa tradicional.
Primeiramente, a festa tinha caráter obrigatório a todos os habitantes adultos do meio rural. As crianças, os anciãos, os doentes, aleijados e solteironas não eram admitidos nestas festas: uns, por não terem idade para compreender os valores sagrados da festa; outros por já estarem na fronteira entre os mundos dos vivos e dos mortos; a terceira categoria, por não ter cumprido seu destino na terra: o casamento .
A festa, também, presumia a plena liberação do trabalho: não se podia arar, capinar, ceifar, colher, costurar, limpar a "izbá"(1), cortar lenha, ou seja, todo e qualquer trabalho deveria esperar pelo fim das festividades, que afetavam,ainda, a maneira das pessoas se vestirem e se portarem: usavam as melhores roupas, se enfeitavam, escolhiam temas agradáveis para as conversas, se comportavam alegre e afavelmente.
Uma das características das festas era reunir muita gente: calma durante os dias comuns, nos dias de festa a aldeia se enchia de convidados e de intrusos: mendigos, itinerantes, peregrinos e romeiros, artistas, feirantes e expositores, vendedores, malandros, transgressores da lei, e muito mais.
Com todas estas atividades e novidades, o dia de festa era um dia de transformação da aldeia, da casa e do indivíduo.
Aos que violassem as regras do dia festivo, eram aplicadas rígidas medidas, que variavam da punição pecuniária , passando pelas chibatadas, chegando à expulsão da comunidade.
Deve ser acrescentado que a maioria das festas típicas possuiam (e possuem até hoje) suas comidas próprias, tradicionais, o que será matéria de futuro post.
Nas aldeias russas todas as festas eram interligadas numa seqüência gradual: eram realizadas de ano em ano, de século em século, segundo uma ordem estabelecida pela tradição. Entre elas, havia a festa principal, que era a que possuía, de acordo com o ponto de vista do campesinato, maior força sagrada. Esta festa era a Páscoa, comemorada de acordo com o calendário da Igreja Ortodoxa Russa.
Outras festas importantes, ligadas direta ou indiretamente à ortodoxia, são:
- o Natal:
- a festa da Trindade (para a Igreja Romana conhecida como festa do Santíssimo; em ambos os calendários se comemora em 6 de junho):
fonte da foto: http://www.krasrab.net/
- Festa muito alegre, muito barulhenta, é a "maslenitsa":
É uma espécie de carnaval, realizada na última semana que antecede a Quaresma. Neste período, a Igreja Ortodoxa faz restrição a alguns alimentos, por isso o prato típico desta festa são os blinys, cuja receita já postei neste blog. Ele não possui os ingredientes proibidos, desde que se preste atenção caso se vá rechea-los: não pode usar carne de jeito nenhum. O motivo de ser o bliny o prato típico é a sua forma arredondada, meio dourada, simbolizando o sol do alvorecer.
O símbolo da festa é a garota Maslenitsa, normalmente representada por uma boneca de palha, cuja lenda que explica sua origem é muito interessante, mas será matéria de outro post, também.
- Uma das festas tradicionais importantes é o Dia de Ivan
Nenhum comentário:
Postar um comentário